A Uber Technologies e a Lyft, duas empresas de partilha de viagens de longa data e com dificuldades financeiras, chocaram os céticos ao fazer o que muitos disseram ser inatingível: correr em direção a uma rentabilidade consistente.
O primeiro ano de lucratividade do Uber como empresa de capital aberto ocorreu em 2023. O Uber reabasteceu na quarta-feira após a divulgação de suas metas financeiras aprimoradas de longo prazo durante o dia do investidor. Suas ações subiram 15%.
No evento de quarta-feira, o CEO da Uber, Dara Khosrowshahi, vangloriou-se do futuro da empresa e disse: “Muitas pessoas questionam se a Uber algum dia conseguirá ganhar dinheiro”.
Lyft, um concorrente menor, previu na terça-feira que alcançará positividade no fluxo de caixa pela primeira vez este ano. Portanto, ganhará mais dinheiro este ano do que gasta. Embora não seja um lucro, os investidores interpretam-no como uma indicação significativa, uma vez que um ano depois de atingir esse ponto de inflexão, a Uber começou a produzir lucro.
David Risher, executivo-chefe da Lyft, que foi contratado no ano passado para ajudar na recuperação do negócio, disse: “É um grande marco para nós”.
As ações da Lyft subiram 35% na quarta-feira. Apesar da incerteza inicial causada por um erro embaraçoso nos lucros que acrescentou um zero extra a um número chave, as ações dispararam com a força da perspetiva positiva.
Uber e Lyft desperdiçaram bilhões de dólares tentando ganhar participação de mercado durante um período de dez anos. As suas prioridades actuais são o controlo de custos e o crescimento rentável.
“A viabilidade do modelo não está mais em dúvida nesta nova era”, afirmou Youssef Squali, analista da Truist Securities que cobre ambas as empresas.
Segundo ele, o compartilhamento de caronas evoluiu para um serviço pelo qual as pessoas pagam, o que significa que não é mais uma opção gratuita. “A questão que se coloca é que tipo de margens este negócio pode suportar quando amadurecer”, afirmou.
Os anúncios desta semana ofereceram aos investidores alguma esperança de que o sector possa manter o seu progresso. No entanto, a jornada até aqui não foi tranquila. Ambas as empresas desistiram recentemente de projetos lunares dispendiosos e fizeram cortes difíceis.
Durante a pandemia, a Uber cortou centenas de empregos e abandonou os seus grandes objetivos de criar tecnologia de condução autónoma. Demissões menores foram feitas às suas empresas de frete e entrega como parte do aperto contínuo que durou o ano inteiro.
No ano passado, Lyft demitiu centenas de funcionários e contratou Risher. Ela quer se livrar de sua seção de bicicletas, que é muito apreciada pelos consumidores, mas não gera receita suficiente.
Em suas aplicações individuais, Khosrowshahi e Risher começaram a atuar como motoristas e no transporte de passageiros. Os CEOs afirmam que falar com os passageiros e aprender sobre os seus problemas os deixou humildes. Também provocou melhorias em recursos já existentes e a criação de novos.
De acordo com ambas as empresas, elas não gastarão dinheiro tão rapidamente como faziam no passado. Os investidores esperam que isto sinalize o fim das guerras de preços e dos grandes descontos que causaram perdas significativas.
“Os dias de promoções extravagantes para atrair clientes já se foram”, afirmou Pierre-Dimitri Gore-Coty, chefe da divisão de entregas da Uber, na quarta-feira.
As corporações que reduziram suas despesas e aumentaram seu foco foram recompensadas pelo mercado. As ações da Uber mais que dobraram nos últimos 12 meses, e as ações da Lyft aumentaram 52% desde a alta de quarta-feira. Durante o mesmo período, o Nasdaq Composite Index, de alta tecnologia, aumentou 33%.
A Uber detém a maior parte do negócio de compartilhamento de viagens nos EUA, o que coloca a Lyft em desvantagem na corrida por participação de mercado. Devido à sua perspectiva melhorada, a MoffettNathanson elevou o Lyft de uma classificação de venda para uma classificação neutra, mas alertou os investidores que o negócio ainda está perdendo dinheiro e está “à mercê do Uber”.
Analistas afirmam que ainda há mais espaço para a expansão do setor. Agora que as empresas atingiram um determinado tamanho, elas podem aproveitar isso para incentivar os clientes a utilizarem seus serviços com mais regularidade. Além disso, podem criar novas empresas, como uma plataforma de publicidade que já começou a gerar lucros significativos.
Em comparação com muitos de seus rivais tecnológicos, o Uber e o Lyft são muito mais acessíveis. Como não contratam motoristas nem possuem automóveis, sua empresa exige menos capital. Ambas as empresas se comprometeram a ser disciplinadas quando se trata de contratações no futuro. Num esforço para economizar despesas, a Uber começou a automatizar algumas funções de suporte e pretende usar inteligência artificial.
Algumas batalhas regulatórias significativas também foram vencidas pelas empresas. Na Califórnia, uma iniciativa eleitoral para 2022 foi aprovada pela Uber, Lyft e outras empresas, permitindo-lhes manter os seus motoristas classificados como prestadores de serviços independentes. Embora possa haver mais obstáculos no futuro devido a uma nova regra da administração Biden, essa votação abriu o precedente para a legislação sobre trabalhadores temporários em todo o país.
Vários rivais na gig economy também estão começando a amadurecer. A Instacart revelou na terça-feira que estava reduzindo o emprego em 7% e ainda obtendo lucro nos três meses encerrados em dezembro. O DoorDash também vem reduzindo suas perdas. A empresa divulgará seus resultados do quarto trimestre na quinta-feira. O Uber Eats é concorrente de ambos os aplicativos.
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